O Zé, de Arimatéia,
estava numa outra mutação,
uma virtualidade...
Quando lhe vi,
percebi a inocência de uma criança
nos olhar, no modo ser, no tom de voz,
me diz:
-Doutor me manda para o manicômio!
(trabalhei como psiquiatra 3 mêses num presídio)
Fiquei surprêso, tinham me dito que o manicômio
era o sétimo degrau do inferno,
humanos já desfigurados no trato com a instituição.
-Mas, Zé, o manicômio é pior do que aqui...
-Não é não doutor, já estive lá...depois me trouxeram de volta...
-Em quê é melhor, Zé?
--Lá só tem gente boa!
Foi quando fui tomado por uma onda de inocência.
O Zé não saia de sua cela, por 4 anos, com mêdo dos homens.
Ali estava uma criança buscando uma linha de fuga,
um território para se expandir,
Devir-criança,
outra alegria do ser,
pronta a vir á superficie,
se "os homens" deixarem.
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