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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Ainda abrindo a caixa de Pandora - cogumelos de Amsterdã

Devir-mulher de Gilberto Gil

Aqui esta um exemplar de um devir-mulher: "Um dia Vivi a ilusão de que ser homem bastaria Que o mundo masculino tudo me daria Do que eu quisesse ter Que nada Minha porção mulher, que até então se resguardava É a porção melhor que trago em mim agora É que me faz viver Quem dera Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera E só por ela ser Quem sabe O Super-homem venha nos restituir a glória Mudando como um Deus o curso da história Por causa da mulher

Bocetos do patriarcado

'Bocetos', em espanhol são rabiscos, esboços, traçados cartográficos rápidos... Esse tema levantado da duplicação de mundos, do dualismo corpo e alma, da oposição dos sexos, o abrir da 'caixa de pandora', da 'boceta' e os 'bocetos', quero dizer, rabiscar fragmentos diversos que possam delinear traços marcantes da nossa cultura, e a abertura de mundos possíveis...a esperança como devir do virtual...aquilo que já existe em potência e pode se manifestar... A mulher, a criança, o animal são devires minoritários, na linguagem de Deleuze, em contraposição aos estereótipos manufaturados que existem como abstrações: homem, macho, adulto, cidadão...um devir é uma conexão, um percorrer uma linha molecular ou de fuga em relação á configurações estáveis, conservas culturais, papéis pré-estabelecidos, desencouraçamentos caracteriais...onde linhas duras se flexibilizam e entram em processos de respirar e viver outros espaços de vida... 'Bocetos do

'Abrindo a caixa de pandora'- As feiticeiras

Jules Michelet, historiador francês(1798-1874), professor no Collége de France, escreveu entre outras obras:"A mulher"-1859 e "Sobre as feiticeiras"-1862. Para Michelet a primeira forma de justiça é Satanás, "nome bizarro da liberdade ainda jovem, a principio militante, negativa e criadora depois, cada vez mais fecunda". "A feiticeira é na idade média depositária da medicina que é, para Michelet, uma técnica de penetração. Mais que mulher é mmatrona, ou seja sexo superlativo e completo, reunindo em si o poder macho e o poder fêmea. Nos momentos que a história para completamente, a feiticeira pode conhecer uma espécie de degenerencência estéril; torna-se profissional: o tema benéfico da fecundação é quebrado pelo tema maléfico da imitação e da mecanização". Roland Barthes As feiticeiras: -O primeiro movimento popular contra a ideologia da igreja; uniu-se-lhe ao povo

A criança prisioneira

O Zé, de Arimatéia, estava numa outra mutação, uma virtualidade... Quando lhe vi, percebi a inocência de uma criança nos olhar, no modo ser, no tom de voz, me diz: -Doutor me manda para o manicômio! (trabalhei como psiquiatra 3 mêses num presídio) Fiquei surprêso, tinham me dito que o manicômio era o sétimo degrau do inferno, humanos já desfigurados no trato com a instituição. -Mas, Zé, o manicômio é pior do que aqui... -Não é não doutor, já estive lá...depois me trouxeram de volta... -Em quê é melhor, Zé? --Lá só tem gente boa! Foi quando fui tomado por uma onda de inocência. O Zé não saia de sua cela, por 4 anos, com mêdo dos homens. Ali estava uma criança buscando uma linha de fuga, um território para se expandir, Devir-criança, outra alegria do ser, pronta a vir á superficie, se "os homens" deixarem.

Linhas de fuga no deserto

Escrevendo sôbre o fato narrado-acontecido, Zé de Arimatéia, e o que se chamaria em psiquiatria de "surto psicótico", um processo esquizo, essa experiência enigmática de tornar-se mulher, é como ser arrastado por uma 'linha de fuga', um devir intensivo numa prisão de 'machos cearenses', um deserto duplificado, o Zé floriu, foi transpassado pela Vida, Vida-mulher, um revirão da pulsão que é sempre de Vida desde que morte não há, a morte vive na superfície da Vida é uma sombra, melhor, assombração, fantasma, Já que nunca lhe vimos a cara tememos e trememos com sua 'imagem cadavérica', apenas mascára mortuária, que morte não é. "Broto psicótico", assim se chamava o surto, e essa florescência chamada de 'loucura', um saber des-razoado, parente da sabedoria em tempos passados. Esse tornar-se mulher é diferente da homosexualidade. Na dissecação ou disertação científica e literária do "caso Shereber"(1911), produzida por S. Freud,

Devir-mulher

Zé de Arimatéia, assim se chamava o pescador que em defesa de uma mulher foi parar num presídio do Ceará. Quando lá chegou, entre tantos cabras da peste, Zé brotou e floriu se fez mulher, fez tranças no cabelo pintou os lábios da cueca fez calcinha, Zé roçava o rabo nas grades da cela. Homem das águas, afluentes do inconsciente, a anima subiu á superficie e fez do Zé Mulher! A sêca chegou e a flôr Zé muchou. Desertificação da alma-terra, Searas do Ceará, Zé já não sabia se era homem ou mulher.

A pequena morte

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto do seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. 'Pequena morte', chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntarnos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. 'Pequena morte', dizem; mas grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce". Galeano("Mulheres") O Amor O Nascer O Morrer A Meditação São bendições da mesma Casa!

Maria Padilha

"Ela é Exu e também uma de suas mulheres, espelho e amante: Maria Padilha, a mais puta das diabas com quem Exu gosta de se revirar nas fogueiras. Não é dfícil reconhêce-la quando entra em algum corpo. Maria Padilha geme, uiva, insulta e ri com muito maus modos, e no fim do transe exige bebidas caras e cigarros importados. É ppreciso dar a ela tratamento de grande senhora e rogar-lhe muito para que se digne a exercer sua reconhecida influência junto aos deuses e diabos que mandam mais. Maria Padilha não entra em qualquer corpo. Ela escolhe, para manifestar-se nesse mundo, as mulheres que nos subúrbios do Rio de Janeiro ganham a vida entregando-se a troco de tostões. Assim as desprezadas se tornam dignas de devoção: a carne de aluguel sobe ao centro do altar. Brilha mais que os sóis o lixo da noite". Galeano("Mulheres")

O Amor

"Na selva amazônica, a primeira mulher e o primeiro homem se olharam e se encontraram com curiosidade. Era estranho o que tinham entre as pernas. -Te cortaram?-perguntou o homem. -Não-disse ela-Sempre fui assim. Ele examinou de perto. Coçou a cabeça. Ali havia uma chaga aberta. Disse: -Não comas mandioca, nem bananas, e nenhuma fruta que se abra ao amadurecer. Eu te curarei. Deita na rede, e descansa. Ela obedeceu. Com paciência bebeu os mingaus de ervas e se deixou aplicar as pomadas e os unguentos. Tinha de apertar os dentes para não rir, quando ele dizia: -Não se preocupes. Ela gostava da brincadeira, embora começasse a se cansar de viver em jejum, estendida em uma rede. A memória das frutas enchia sua boca de água. Uma tarde, o homem chegou correndo através da floresta. Dava saltos de euforia e gritava. -Encontrei! Encontrei! Acabava de ver o macaco curando a macaca na copa de uma árvore. -É assim-disse o homem, aproximando-se da mulher. Quando acabou o longo abraço, um aroma

My Sweet Lord - George Harrison

My sweet lord Hm, my lord Hm, my lord I really want to see you Really want to be with you Really want to see you lord But it takes so long, my lord My sweet lord Hm, my lord Hm, my lord I really want to know you Really want to go with you Really want to show you lord That it won't take long, my lord (hallelujah) My sweet lord (hallelujah) Hm, my lord (hallelujah) My sweet lord (hallelujah) I really want to see you Really want to see you Really want to see you, lord Really want to see you, lord But it takes so long, my lord (hallelujah) My sweet lord (hallelujah) Hm, my lord (hallelujah) My, my, my lord (hallelujah) I really want to know you (hallelujah) Really want to go with you (hallelujah) Really want to show you lord (aaah) That it won't take long, my lord (hallelujah) Hmm (hallelujah) My sweet lord (hallelujah) My, my, lord (hallelujah) Hm, my lord (hare krishna) My, my, my lord (hare krishna) Oh hm, my sweet lord (krishna, kri

Merleau Ponty, Paul Klee e Cézanne

Obra de Paul Cézanne Merleau-Ponty Klee Red Balloon (Klee) “A Arte não reproduz o visível, ela faz visível” (Paul Klee) “Só se vê aquilo que se olha”. Tudo o que se vê por princípio está ao alcance do olhar. O mundo visível e o mundo dos projetos motores são partes totais do mesmo ser; e é essa concepção que nos impede conceber que a visão é como uma operação do pensamento, levantada diante do espírito, formando um quadro ou uma representação do mundo. “O corpo é ao mesmo tempo vidente e visível”, tem uma face e um dorso, um passado e um futuro, entre outras coisas. Para Merleau Ponty o espírito sai pelos olhos para ir passear pelas coisas, e como diz Max Ernest: “assim como o papel do poeta, desde a célebre carta do vidente, consiste em escrever sob a inspiração do que se pensa, do que se articula nele, o papel do pintor é cercar e projetar o que nele se vê”. Como, por exemplo, o espelho, que surgiu no circuito aberto do corpo vidente - visível. O espelho aparece porque há uma reflexi

Fudendo teremos esperança, Zezão?

Caro Zé Renato, Muito interessante o mito grego da caixa de Pandora, quanta sutileza refinada nesses gregos, que preferiam se enrabar do que bucetear! De 'fudidos' ou 'fodidos', passamos a 'fodedores', quer dizer, saímos da passividade, que os gregos atribuíam ás mulheres, e passamos á atividade, assim estaremos esperançosos, pois 'bucetas', caixas de pandora, "não vão faltar por aí". Na homossexualidade grega e romana instituída, a dignidade estava do lado dos 'fodedores' e o rebaixamento nos 'fudidos'... Ativos e passivos, aí se encontrava o 'valor'. Estamos falando de Phallus, 'o imperador' , e seus dois secretários e conselheiros: "os escrotos", um de direita e outro de esquerda, pressionando para produzir mais UM, filho do império, do reinado, da nação, ou para o rebanho de 'Deus pai, todo poderoso', atualmente para o mercado, e por outro lado 'buceta', a caixa de Pandora, que gua

Manoel, tamos fudidos? Tamos fudidos, Manoel?

Caro Manoel Não sei bem se estamos "fudidos" ou fodidos. Mas enquanto houver "bucetas"... Ah, "bucetas" ou bocetas? Na língua portuguesa o termo boceta designa “caixinha redonda, oval ou oblonga, feita de materiais diversos e usada para guardar pequenos objetos”, conforme se vê nos vários dicionários existentes. Porém, nos dicionários de língua portuguesa brasileiros vê-se que a palavra pode designar também a vulva. Aliás, no Brasil, salvo raras exceções, não se costuma utilizar o termo boceta para outra coisa senão “vagina”, ao contrário de Portugal e os demais países lusófonos, em que boceta não designa outro elemento senão “caixinha”. Em geral o uso da palavra “boceta” é tido como um modo chulo de se referir ao órgão sexual feminino, um “nome feio” que deve ser evitado pelas pessoas de fino trato. Mas por que razão a designação de “boceta” para a vulva se deu e, o que é mais intrigante ainda, por que esse apelidinho adquiriu conotação de linguajar chulo

Corpo e alma

A duplicação do mundo em superior e inferior, verdadeiro e falso, bom e mau... plantados no coração do humano... é correlativa a duplicação do alma e do corpo, dualismo, oposição, sendo a alma superior e o corpo inferior. O mundo dos sentidos é desvalorizado, desqualificado, necessita ser domesticado, subjugado, mortificado. O corpo é feito a prisão da alma. Esse dualismo conflitivo tem uma modalidade entre os gregos e romanos, assume outra forma no cristianismo, a carne como a fonte do pecado, na idade moderna, na gestação da ciência, descartes como exemplar, a razão assume o comando e o corpo é visto como um mecanismo, a 'coisa extensa', esse filósofo e matemático, com seu teorema, alavanca o progresso de conquista da natureza, medida, pesada, quantificada, esquadrinhada nos recantos mais íntimos e longincuos, dos microscópios, camera de partículas aos telescópios.... O relógio ordena o mundo...tempo de trabalhar, de fuder, de comer, de dormir, de cagar... "time is mone

A duplicação do mundo

A crítica de Nietzsche á metafísica, que ele entende como a invenção de um outro mundo, bom, belo, verdadeiro... O que esta em jôgo nessa invenção, é uma pespectiva avaliadora onde ESSE MUNDO DOS SENTIDOS, IMPERMANENTE, DE MÚLTIPLAS FORMAS, DE DISTINTOS PONTOS DE VISTA, ESSE MUNDO É DESVALORIZADO, DES-INVESTIDO DE NOSSOS DESEJOS, MOTIVAÇÕES, DEIXAMOS DE AFIRMAR O SENTIDO DA TERRA. Se avaliamos a civilização ocidental em suas raízes: Platônica, Judaica e Cristã, essa duplicação de mundos esta presente... Um enfraquecimento da Vontade de Afirmar esse mundo e trabalhar por sua TRANSFORMAÇÃO! A tentação do OUTRO mundo é muito grande... Por isso é importante importante compreender o significado dessa dualidade de mundos, o que não significa que ESSE nosso mundo, não possa ser EXPERIMENTADO desde múltiplas pespectivas...

Dewei e a educação

Dewei, foi um dos pensadores que considerou fundamental a importância da educação do CORPO, sensações, movimentos e emoções, são funções a serem desenvolvidas, refinadas, aprendidas; o que possibilita maior autonomia da personalidade, diante dos automatismos e hábitos socialmente condicionados. A educação em geral prioriza o intelecto em detrimento de outras funções, que não são inatas, que nos seres humanos dependem de aprendizagem.

Sobre o pragmatismo de John Dewey

John Dewey (1859-1952) é um dos mais notórios representantes, ao lado de Charles S. Peirce e William James, da corrente denominada pragmatismo dentro da Filosofia Contemporânea. O pragmatismo quer evitar toda a forma de absolutismo, juntamente com as consequências desastrosas decorrentes dessa postura dentro da história da humanidade. Defende-se uma tolerância contraria a todos os “determinismos”, “materialismos” e “idealismos” já defendidos e sistematizados na filosofia. No Capítulo V de sua obra “A Filosofia em Reconstrução”, Dewey faz uma sóbria análise das concepções do Ideal e do Real dentro da História da Filosofia, criticando a metafísica e a epistemologia, conforme se verá. NOVAS CONCEPÇÕES DO IDEAL E DO REAL: Dewey, em suas conjeturas, diz que quanto mais adversa a realidade para o ser humano, maior a tendência deste em fantasiar situações, projetar desejos, enfim, realizar idealizações. Porém, “tais considerações aplicam-se além da psicologia pessoal, [pois] são verdades term

Chave de Leitura para o pensamento de Jean-Paul Sartre

Texto escrito no final do século XX Estamos vivendo o crepúsculo do século que foi o mais sangrento de toda a história da humanidade. As filosofias adotadas por líderes e movimentos, ao enquadrarem a concepção de mundo a seus limites, propiciou a formação de mecanismos excludentes de povos inteiros que, em face do poderoso aparato bélico trazido pela tecnologia, passaram a ser sistematicamente exterminados. Com efeito, as três últimas gerações brotadas na terra, dentre as quais nos incluímos, foram capazes de aniquilar nações inteiras, com dados assombrosos que relatam o assassínio de cerca de 40.000.000 de pessoas neste século. Tais seres não foram mortos porque ofereciam perigo de vida ou por disputarem territórios, o que do ponto de vista político tornaria até justificável a batalha. Não, pessoas passaram a ser exterminadas pelo simples fato de professarem determinado credo religioso, ou por manifestarem determinadas preferências ideológicas, ou por pertencerem a determinada etnia o

O Cuidado de Si no ocidente e no oriente

O caminho de liberação proposto, confeccionado pelos epicuristas, que é apenas um dos exemplos do Cuidado de Si, entre os Gregos, onde proliferou uma multitiplicidade de éticas e estilos de existência, segundo a pespectiva de Foucault. O tetrápharmacon de Epicuro, dada suas diferenças significativas, ma fez evocar as 4 nobres verdades do budismo: Diagnóstico da condição humana, a causa do sofrimento(etiologia), prognóstico(o sofrimento tem resolução) e o remédio que conduz a cura. O Buda como médico da alma, dessa dimensão de interioridade; as tecnologias de investigação, análise, desenvolvimento de determinadas faculdades, a atenção, por exemplo, as práticas de meditação, etc. Os ensinamentos se desenvolvem na presença de um mestre e numa comunidade de praticantes, há uma retirada do domínio público. A India é uma sociedade de castas demarcadas, rígidas, autoritárias, de filosofias religiosas de duplicação de mundos, o real e o ilusório, de castas político-religiosas... Fico pensand

Através de sua própria experiência

"Não se apresse em acreditar em nada, mesmo se estiver escrito nas escrituras sagradas. Não se apresse em acreditar em nada só porque um professor famoso que disse. Não acredite em nada apenas porque a maioria concordou que é a verdade. Não acredite em mim. Você deveria testar qualquer coisa que as pessoas dizem através de sua própria experiência antes de aceitar ou rejeitar algo." Siddartha Gautama, o Buddha, Kalama Sutra 17:49

O tetraphármakon de Epicuro(341-270 a.C.)

Phármakon é um remédio. Para os gregos a palavra é um phármakon, que pode curar ou envenenar. O tetraphámacon de Epicuro pretende resumir sua sabedoria, é como uma receita para a condição humana. Certos arqueólogos, no sec.IX, em ruínas do território da Turquia, encontraram inscrições numa muralha em Oenoanda, escritas por Diógenes, díscipulo de Epicuro, essas inscrições estavam expostas átraves dos séculos a todos que por ali passavam, sem distinções de gênero, idade, raça, classe social. Aí está o tetraphármakon: 1-Não há nada a temer quanto aos deuses. 2-Não é necessário temer a morte. 3-A felicidade é possível de ser conquistada. 4-A dor é fácil de suportar.

Ética e estética da existência em Epicuro

Epicuro, sec. III a. C., filósofo grego, é um belo representante da ética antiga e um exemplar ainda nos dias de hoje. Se diz que sua ética fundada na liberdade, fez o jovem Marx dar pulinhos de alegria, lhe impressionou e influenciou na sua concepção de desalienação. A importância de Epicuro para nós, esta na constituição de uma ética fundada nos própios recursos humanos e na afirmação de que podemos ser felizes, serenos, experimentar os prazeres da vida, mesmo em época de adversidades políticas, sociais, econômicas. No tempo de Epicuro, a Grécia tinha perdido sua liberdade política, fazia parte do império macedônico, que se estendia até a Ásia. As leis emanam de cima, dos imperadores Felipe e Alexandre. Mesmo assim, para Epicuro, a um universo interior a ser trabalhado; O ser humano nasceu para a felicidade, para o prazer, esse bem lhe esta destinado. A naú a ser pilotada é o universo interior. Epicuro propõe todo um programa de auto-adiministração, de afastar as crendices, a igno

Os Gregos e o Cuidado de Si

Desde a pespectiva de Michel Foucault, O homem antigo buscava na ética uma estética da existência, visava uma estilística, um artesanato da existência. Essa busca do bem, de uma vida aperfeiçoada se espelhava na organização do Kosmos. Como nos Pitagóricos, por exemplo, o universo vísivel e audível, com seus astros, estrelas pareciam revelar uma ordem, uma circularidade, uma beleza, um silêncio musical onde os homens deveriam se espelhar. Assim se poderia trazer para a cidade, a pólis, essa ordem, essa beleza que o universo espelhava. Em Homero, primeiros poemas épicos gregos, a ética, a excelência era inata entre os Aristocratas, Aristói, os nobres descendentes de grandes famílias, heróis, alguns se creditavam descendentes dos Deuses, então essa nobreza inata, de fato e de direito se expressava em suas vidas. Hesíodo, sec. VIII, considerado primeiro historiador na civilização ocidental, a virtude, Aréte, o homem bom e melhor, não lhe era dado, não era inato, era prod

Pespectivismo

Um dia mamãe me disse: "Meu filho, eu quero o bem para você, porque você não obedece?" -"Mamita o bom para mim, não é o bom para você, não é o bom para papi, necessitamos saber o que é o bom para cada um!" A DIFERENÇA DE CADA UM É SEU PONTO DE VISTA! Deleuze: "O devir se diz do ser. A diferença da identidade O múltiplo do Uno". O mundo transcendente é uma armadilha criada por ressentidos que não sabem amar o que existe!".

A diferença e a repetição

Deleuze; "O Ser do sensível é a diferença: expressar a essência é expressar a diferença, Ser é diferenciar-se!" "O que se repete é o diferente!" Cada acontecimento que nossos hábitos nos induzem a ver como repetição de um anterior, traz, na realidade, algo inédito. O que se repete não é o idêntico; é o diferente. O sentido comum recorta a generalidade e reconhece em todo lugar o idêntico. Deleuze nos convida a ver a singularidade em tudo que se repete. Nos pede que deixemos o sentido comum e os hábitos para perceber o nôvo da repetição. A repetição como diferença é o eterno retorno que descrevia Nietzsche. Cada vezque repetimos o lançamento de o dados a acaso nos leva a uma nova combinação. VER ÁS COISAS COMO ELAS SÃO... SERIA VER O DIFERENTE SEMPRE? Ainda não tinha pensado assim... A diversidade é inerente ao mundo. Diversidade das espécies entre si, dos individuos que compõem uma mesma espécie, das partes qque compõem um mesmo individuo. A tradição platónica

A puta que pariu com as essências!

A tradição platónica sustenta um pensamento da representação. Postula a existência de um mundo transcendente onde moram os MODELOS(Idéias eternas), e daí afirma que nesse mundo há CÓPIAS(coisas refletem a essência do modelo) e SIMULACROS (coisas que pretendem refletir a essência do Modelo, porém diferem dele). Deleuze: "Eu proclamo a univocidade do ser! Que quer dizer isso? Que o ser é uma voz que se expressa igual em cada um dos diferentes entes que estão no mundo". Que o ser se expresse igual em todas ás coisas significa que estas não podem HIERARQUIZAR-SE de acordo a sua semelhança em relação a nada. O Ser Deleuziano é ANTI-HIERÁRQUICO, contrários ás teorias que, apartir de um Modelo, organizam o mundo segundo uma lógica piramidal. Atualmente, por exemplo, um autor como Ken Wilber e toda sua lógica hierarquizante, tudo encaixadinho no Modelo, diferentes níveis do Ser, escada da consciência...Deleuze bota sabão e o Ken cai com o nariz no chão... Quantas vezes fique

Adeus ás essências

Tava conversando com um amigo ontem, ele dizia: "Como nós pensamos em termos essencialistas!" -Sim, estamos metidos nessa até o pescoço, em nossa tradição ocidental. Por isso, gostaria de esboçar um pouco mais, alguns traços do pensar Deleuzeano, que tenta fazer com que esse modo de pensar , perceber, atuar, lamba o chão onde pisa. O conceito de "acontecimento" compõe, junto com o de "diferenças", uma das mais significativas invenções de Deleuze. Os 'acontecimentos' são verbos no infinitivo:'brincar', 'bimbar', 'fugir', 'adoecer','correr', etc. O sentido-acontecimento tem dois modos de existência. Um é virtual, impessoal e eterno, neutro como uma casa vazia ou o verbo infinitivo, ainda não conjugado a uma pessoa ou tempo. O outro é atual e remete ao momento presente em que esse virtual se atualiza, quer dizer, se efetua em circunstâncias concretas e sob um ponto de vista. Deleuzze; "O sentido em s

Dispositivos de produção de subjetividades...

Das Técnicas de Si... Apartir do ínicio dos anos 60, proliferou diversos métodos, abordagens, exercícios, técnicas relacionadas ao crescimento pessoal, interpessoal,comunitário, grupos de encontro; embora a ênfaseno ocidente, no chamado movimento do potencial humano, tenha sido o individuo; o que levou Cristopher Lasch chamar esse movimento de "Cultura do Narcisismo". Essas abordagens surgiram de Psicoterapias, Tradições Espirituais orientais e ocidentais, abordagens alternativas, etc. As diversas escolas de Psiconálises, desde ínicio do século, que influenciou diversas psicoterapias: as escolas reichianas, Gestalt terapia, Psicodrama, Bioenergética, Terapia Primal, Psicossíntese, Biodinãmica, Análise Existencial, grupos de encontro, terapia centrada na pessoa, Biosíntese, Rebirth, Rolfing, Educação Somática Existencial,Método Feldenkrais, Fisher-Hoffman,Eneagrama das Personalidades, Focusing,Somatic Experiencing, Biodança, Pulsation, Terapia Crânio-sacral,massagens diversifi

Técnicas de Si

É de Foucault o termo Técnicas de Si, que nos inspirou o eixo desse blog: O Cuidar de Si. Seria o terceiro eixo de suas pesquisas, arqueologia, genealogia, do seu pensar vigoroso. O primeiro eixo é o Saber. O segundo é o Poder, as relações entre Saber-Poder. No seu projeto, que ficou imcompleto, de escrever uma história da sexualidade no ocidente, depois da introdução:"A vontade de Saber", segundo Deleuze que escreveu sôbre Foucault, esse entra numa crise em diversos sentidos, vital, de penssamento, como se ficasse sem saída no movimento do seu própio pensamento. É quando ele descobre a "DOBRA", nas palavras de Deleuze, o modo como a FORÇA SE DOBRA SÔBRE SI MESMA, o que possibilita pensar a constituição da Subjetividade. Esse seria o terceiro eixo do seu pensamento: Uma Hermenêutica das Subjetividades. Seu último livro leva o o nome de "Cuidado de Si". Foucault vai pensar a filosofia grega sob a ótica do Cuidado, da prática,do ocupar-se de Si mesmo, que i

A Ética de Spinoza-terceiro príncipio

Do amor de Deleuze com Spinoza surgiram 2 livros: "Spinoza e o problema da expressão" e "Espinosa: uma filosofia prática(1981), tradução em Português. "Spinoza acreditava que a sociedade deveria ser o conjunto de condições átraves das quais, cada corpo possa efetuar sua potência com a maior amplitude. Já não se trataria de uma relação de obediência. A obediência estaria subordinada a esse nobre objetivo". "As paixões tristes fomentam a passividade e o gosto pela escravidão. O tirano se serve delas para conservar seu poder: necessita de almas fracas que se safisfaçam obedecendo-lhe". Um dos eixos da filosofia prática de Spinoza consiste em pensar como se pode obter o máximo de 'paixões alegres', afim de perceber melhor e poder desenvolver idéias adequadas das que brotem sentimentos livres e ativos. "Será escravo, mal,insensato quem se abandone a roleta dos fatos e se deixe cair sem cessar nos encontros que não lhe são favoráveis". &q

Terceiro príncipio: O que pode um corpo?

Essa pergunta feita por Spinoza, que tanto intrigou e instigou Deleuze: "Nós não sabemos o que pode um corpo?" Na decada de 60, estudantes e intelectuais liam Reich, Deleuze foi em busca de Spinoza, que ele dizia que era uma "rajada de ar fresco na coluna". Aqui esta a Ética de Spinoza, beleza e liberdade ímpar. "Todo o universo são encontros: bons e maus. Experimentamos Alegria ao encontrar um corpo que se compõe com o nosso e eleva nossa potência. E Tristeza no encontro com um corpo que decompõe o nosso e baixa nossa potência." "Tudo que agrupamos á idéia do mal é da ordem de um encontro mal(indigestão, intoxicação, envenenamento, inveja, ressentimento, etc)" "NÃO EXISTEM O MAL E NEM O BEM. HÁ O BOM, O CONVÉM A UM CORPO; E O MAL, O QUE NÃO CONVÉM". Spinoza considera que cada corpo tem um grau de potência('conatus")que expressa sua essência e varia de acordo aos afetos que predominam nêle. Seu conceito de 'essência' nã

Segundo príncipio: Determinismo estrutural

Esse vem de Humberto Maturana, na seu linguajeio científico, chama Determinismo estrutural. A estrutura de um ser ser vivo esta sempre em mudanças permanentes, numa deriva de acoplamento estrutural com o ambiente, onde se produzem mudanças tanto no ser vivo como no ambiente, em suas interações recorrentes. O QUE ACONTECE COM UM SER VIVO DEPENDE DA ESTRUTURA DO SER VIVO. O que vem do mundo não especifica o que acontece com o ser vivo, apenas DISPARA um processo, mas não define o que vai vai acontecer. Eu escrevo aqui agora e se alguém ler, entende o que entende, segundo as determinações da sua estrutura. Se tomamos um psicotrópico, por exemplo, se esta ingerindo moléculas com determinada estrutura. Estas entram no organismo e modificam a estrutura do sistema nervoso. Se o organismo não tivesse em seu interior receptores para a substância que se consumiu, nãp pssaria nada, absolutamente nada,. Dessa forma se DISPARA uma mudança no interior do organismo, mas não podemos dizer, que m

Príncipios caleidoscópicos do Cuidado de Si

Retomando esse tema, que iniciei um tempo passado. É uma pespectiva pop de utilizar idéias e práticas. O primeiro príncipio, como já tinha referido, se refere a dar prioridade á AÇÃO. VIDA É MOVIMENTO, PULSA, VIBRA, CONTRAI, EXPANDE. W.Reich, num texto, "A linguagem expressiva da Vida", que esta incluído no livro Análise do Caráter, tenta pensar na expressão do Vivo, anterior á linguagem verbal, chegando á pulsação protoplasmática, que responde ao ambiente. Belo texto, talvez o texto de Reich que mais gosto. Ele chega a uma formulação: A VIDA FUNCIONA, além da linguagem falada. Esse FUNCIONALISMO, é o cerne do seu pensamento. Deleuze e Gautarri, no "Anti-édipo", uma vez e outra se referem ao FUNCIONAR DA VIDA. Esbocei o lugar da AÇÃO, no pensamento de Deleuze, incluindo o pensamento como movimento, ação, criação. A filosofia ocidental girou em torno da pergunta pelo Ser, até Heidegger, O que é isso? Qual é o ser da cadeira? do homem? O que conduz a entida

Loucura e Verdade

"Eu sou Heliogábalo, eu sou japonês, um samurai, Maria Madalena,uma puta, Gengis Khan,Pedro Alvarés Cabral, Jesus Cristo, João, Maria, Pedro...TODOS OS NOMES DA HISTÓRIA SOU EU!" Muitos Jovens, entre os 18 e 25 anos, esquizofrenizam, curiosamente na sua maioria entrando na maioridade... Acho que um tema nuclear é a identidade, a 'unidade do eu'...a 'continuidadde do eu'... Sem preparação, de modo inadvertido, algum evento desencadeante...e eis que as portas da percepção se escancaram diante dessa verdade, demasiado perturbadora:'a ficção do eu', o que dava coesão, consistência, unidade á personalidade se segmentariza, se moleculariza, um caldeirão de imagens míticas, personagens históricas, produções virtuais emergem á superfície...numa velocidade estonteante...o tempo, o espaço, os cenários do mundo se metamorfoseiam num caleidoscópio mágico...mundos emergem do 'nada'e se desfazem no 'nada'...o linguajear consensual titubeia, gagueja,