Pular para o conteúdo principal

O piolho de Foucault

Foucault me botou um piolho, com sua introdução a História da sexualidade,
no denso livrinho de 1976"A vontade de Saber". Experimentei várias fórmulas
para matar "o piolho" e não deu resultado.
Década de 70 e 80 no Brasil, li e iniciava a trabalhar com Reich, também toda
a onda contracultural da "liberação sexual"...
O tema da "Repressão sexual" estava no foco de um ideário revolucionário,
Foucault coloca em questão a hipótese da repressão sexual, o saber-poder
tem outras artimanhas, seduções, incentivos, jôgos, etc, que no ocidente vai ligar
o sexo á verdade do sujeito...
Terá a sexualidade sido bruscamente censurada, reprimida com o advento do
capitalismo, depois de ter vivido em liberdade de palavras e atos?
Segundo Foucault a sociedade capitalista não obrigou o sexo a calar-se ou esconder-se.
Ao contrário, desde meados do sec. XVI-processo que se intensifica a partir do séc. XIX
com o nascimento das ciências humanas-o sexo foi incitado a se confessar, a se manifestar.
Proliferação de discursos que não se caracteriza por uma existência lateral, ilícita, por ser
justamente o poder que nos convida a enunciar nossa sexualidade através de instituições
como a igreja, a escola, a familia, o consultório médico e de saberes como a demografia,
biologia, medicina, psicologia, psiquiatria, moral, pedagogia.
Além disso, essa produção discursiva não tem o objetivo de reduzir, proibir a prática sexual.
Ao contrário, através de uma série de dispositivos característicos da sociedade que vivemos é
á própia sexualidade que é produzida; e não só sexualidade "normal", heterosexual, familiar,
mas a figura do desviante sexual, seja ele masturbador, homosexual, pervertido.
Assim, a negação da hipótese repressiva não significa a afirmação de que o capitalismo
teria inaugurado um período de liberação sexual, mas que uma vontade de saber sôbre a sexualiidade é peça essencial de uma estratégia de controle do individuo e da população,
grande novidade da sociedade moderna.
Diz Foucault;
"A sociedade que se desenvolve no sec. XVIII-chame-se burguesa, capitalista ou industrial-
não reagiu ao sexo com uma recusa de reconhecê-lo. Ao contrário, instaurou todo um aparelho
para produzir discursos verdadeiros sôbre ele. Não somente falou muito e forçou todo mundo a falar dele, como também empreendeu a formulação da sua verdade regulada. Como se suspeitasse nele um segredo capital. Como se tivesse necessidade dessa produção de verdade.
Como se lhe fosse essencial que o sexo se inscrevesse numa economia do prazer mas, também, num regime ordenado de saber. Dessa forma, ele se tornou, progressivamente, o objeto da grande suspeita; o sentido geral e inquietante que, independente de nós mesmos, percorre nossas condutas e nossas existências; o ponto frágil através do qual nos chegam as ameaças do mal; o fragmento de noite que cada um traz consigo. Significação geral, segredo universal,
causa onipresente, medo que nunca termina..."
Hoje o sexo é a banalidade absoluta...objeto saturado do mercado...espirro escrotal...gemidos e frêmitos de uma existência fantasmagórica...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Swami Deva Prashanto

Prashantinho, Prata da casa de Osho, hoje perto dos 80 anos, Costumava dizer que tinha mesma idade do seu Mestre! Nunca lhe vi vacilar como díscipulo Desde que Rajneesh no final dos anos 70 botou seu dedo na sua testa Levanta o dedo E conta: "Porra, a mente Parou!" Aron Abend, Judeu carioca, tornou-se Sw.Deva Prashanto, até os dias de hoje. É um dos mais fiéis díscipulos de Osho que já vi! Em 81, fiz meu primeiro Workshop, com a turma do Rajneesh, "Retornando á Fonte"! Diz ele que pirei no grupo: Aqueles abraços, olho no olho, medições dinâmica, Kundalini, Giberish, bioenergética, Rebirth, as mulheres me tocando em todo corpo, gritava, pulava, chorava de Alegria e ele não sabia que fazer com esse novo maluco-beleza, me botou, no meio do grupo diante de uma foto de Rajneesh! Retornei á Fonte! Lágrimas nos olhos, agora, que estou lembrando disso... Profunda Gratidão, Prashantinho, você foi a porta do Mestre!

Livro - Naranjo: "27 personajes en busca del ser"

O mito do cuidado (Fábula de Higino)

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome. Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada. De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa: "Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem