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Arte erótica e ciência sexual

Foucault, "A vontade de saber":
"Existem, históricamente, dois grandes procedimentos para produzir a verdade do sexo.
Por um lado as sociedades-e elas foram numerosas: a China, o Japão, a índia, Roma, as nações árabes-mulçumanas-que se dotaram de uma arte erótica. Na arte erótica, a verdade é extraída
do própio prazer, encarado como prática e recolhido como experiência; não por referência a uma
lei absoluta do permitido e do proibido, nem a um critério de utilidade, que o prazer é levado em consideração, mas ao contrário, em relação a si mesmo: ele deve ser conhecido como prazer, e portanto, segundo sua intensidade, sua qualidade específica, sua duração, suas reverberações no corpo e na alma. Melhor ainda: esse saber deve recair, proporcionalmente, na própia prática sexual, para trabalhá-la como se fora de dentro e ampliar seus efeitos. Dessa forma constitui-se um saber que deve permanecer secreto, não em função de uma suspeita de infâmia que mantê-lo e marque seu objeto, porém pela necessidade de mantê-lo na maior discrição, pois segundo a tradição, perderia sua eficácia e sua virtude ao ser divulgado. A relação com o mestre detentor dos segredos é, portanto, fundamental; somente esse pode transmiti-lo de modo esotérico e ao cabo de uma iniciação em que orienta, com saber e severidade sem falhas, o caminhar do discípulo. Os efeitos dessa arte magistral, bem mais generoso do que faria supor a aridez de
suas receitas, devem transfigurar aquele sobre quem recaem seus privilégios: domínio absoluto do corpo, gozo excepcional, esquecimento do tempo e dos limites, elixir de longa vida, exílio da morte e de suas ameaças.
Nossa civilização, pelo menos á primeira vista, não possui arte erótica. Em compensação é a única, sem dúvida, a praticar uma ciência sexual. Ou melhor, só a nossa desenvolveu, no decorrer dos séculos, para dizer a verdade do sexo, procedimentos que se ordenam, quanto ao essencial, em função de uma forma de poder-saber rigorosamente á arte das iniciações e ao segredo magistral, que é a confissão...o homem, no ocidente, tornou-se um animal confidente".

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