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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Mudando a cultura através da rede1

Este blog para mim tem sido um espaço de leitura e reflexão. Manoel vai trazendo nomes, idéias e vou percorrendo esse caminho buscando, de modo espontâneo pela rede, bem como pelos livros, coisas relacionadas a esses nomes, idéias... O tema levantado da transformação que a tecnologia digital vem causando no mundo e se essa transformando atinge as conversações de tal modo a mudar a própria cultura, no sentido utilizado por Maturana, é atual e muito interessante. Por um lado, sob o ponto de vista da forma e dos meios pelos quais a cultura é criada e reproduzida é óbvio que a sociedade global mudou profundamente nos últimos anos com o uso da internet e dos meios digitais em rede. Na realidade as coisas já começam a mudar a partir da era industrial, aprofundando-se com as diversas formas de controle e comunicação que surgem com o mundo digital. Com ele tudo é possível, não há limites para as formas de representação, bastando aumentar a velocidade do processamento dos bits pelo sistema

Conversações liberadoras

Tava conversando com um amigo de Salvador, nos conhecemos há muitos anos, visitante do blog. Tivemos juntos em muitas jornadas, Osho e comunidade. Pergunta: Faça um resumo do que te interessa nesse blog? -A idéia do Cuidar de Si em Foucault, ela multiplica as possibilidades de um paradigma ético-estético da existência. Isso vindo de autor que escaneou os saberes e poderes no ocidente. Já comentei esse tema no blog. -CONVERSAÇÕES LIBERADORAS, o termo é utilizado por Maturana ou sua parceira Xímena Davila, no instituto Matriztico, no Chile. Que são conversações liberadoras nesse contexto? -CONVERSAÇÕES É UM ENTRELAÇAMENTO ENTRE LINGUAJEAR E EMOCIONAR. Em Maturana, gosto muito disso, linguagem são coordenações de coordenações de ações que ocorrem na convivência. A linguagem não é um sistema simbólico em que representamos o mundo. Também não é comunicação, onde se transmite "algo" de um emissor para um receptor. A linguagem ACONTECE NUM ESPAÇO RELACIONAL, não é algo que esta den

Nassrudin e suas doces pimentas

Caro Aires, Adoraria que você estivesse certo, que as guerras do mundo fossem apenas um reflexo do que esta em nosso interior. Trabalhamos em nós mesmos e as coisas se resolvem, pelo menos para nós mesmos. Será? Tibet, Birmânia, Afeganistão, India são exemplos. A crise ecológica que ameaça o planeta é outro. A guerra e os conflitos estão dentro e fora, mas não sei se as guerras que ocorrem no mundo são um reflexo do interior. Talvez não haja contradição entre o pessoal e o social. Nesse momento da vida estou inclinado, a pensar as contradições desde a pespectiva do coletivo, do social, da cultura. Uma matriz socio-cultural para os conflitos interiores: As guerras, a acumulação de bens, as relações entre os sexos, as tendências das religiões monoteístas a manipulação das massas, a atitude com o corpo e esse mundo, a educação das crianças, o uso da tecnologia para determinados fins, a desiguldade social, a exclusão dos desvios das normas. Muitos antropo

Nasrudin e as pimentas

Uma vez Nasrudin estava sentado no chão junto a uma enorme vasilha contendo grãos de pimenta. Grão após grão, tirava um, saboreava-o e jogava-o fora, lamentando-se. Os amigos de Nasrudin perguntaram-lhe o que é que ele procurava. E ele respondeu: "procuro um que seja doce." Manoel, esta história me fez lembrar que a guerra que tão bem caracteriza a cultura do patriarcado, a verdadeira guerra, não ocorre lá fora, ela acontece em cada um de nós, dentro, na mente... A guerra de fora é apenas reflexo do que anda dentro do coração de cada ser humano. Não adianta mudar as regras, os sistemas, as religiões, o poder e as formas de domínio se os homens permanecem sem paz dentro de si. Por outro lado, compreender a guerra que está aqui fora pode ser um passo importante para ajudar nessa interna compreensão...

Origens do Patriarcado

Steve Taylor no livro: "A QUEDA", escreve; "A partir do ano 4.000 a.C., aproximadamente, um novo espectro de sofrimento e agitação emerge na história da humanidade. É nesse período-e só então-quando o 'terrível sentido do pecado' aparece nos assuntos humanos, até o ponto que de que parece que surgiu um novo tipo de ser humano, alguém que se relaciona de modo completamente diferente com mundo e os outros seres humanos. Riane Eisler, no "Cálice e a espada": "uma grande mudança, tão radical e de grande magnitude que, de fato, não tem comparações em tudo que conhecemos na história da humanidade". Continua Taylor "A partir de 4.000 a.C., mais ou menos, a violência social, as guerras contínuas, a opressão social em grande escala e a dominação masculina, se converteram em algo endêmico. A CAUSA RAIZ DESSA TRANSFORMAÇÃO PARECE TER SIDO ACONTECIMENTOS NO MEIO AMBIENTE". Como diz J. DeMeo"uma das mudanças climáticas mais importantes...

A idade de ouro da humanidade

Sempre achei um tanto curioso, lendo o "Tao Te King" de Lao Tsé(sec. VI a.C.), ou Chuang Tzu(sec. IIIa.C.), como eles se referiam aos "homens antigos", sempre possuiam a virtude naturalmente, não tinham as articialidades convencionais desses tempos. Mito, apenas? Ou eles tinham consciência de uma época dourada da humanidade. Segundo uma quantidade grande de antropológos e arqueológos, durante centenas de milhares de anos, até 8.000 anos a. C. , os seres humanos viviam como caçadores-recoletores. As comunidades de de caçadores-recoletores eram reduzidas, estavam formadas por umas dezenas de individuos, nossas familias ancestrais, mudavam de lugar a lugar, em semanas ou mêses. É o que acontece até os dias de hoje nos grupos de caçadores-recoletores, os aborígenes australianos, que vivem de caça e recoleção de frutos, vegetais, raízes, só investem 4 horas diárias do seu tempo, nessa atividade e dedicam o resto do tempo a atividades como a música, contar histórias, a

Matrismo-James DeMeo

James DeMeo, é um pesquisador, engenheiro e antropólogo que vem seguindo caminhos abertos por Wilhelm Reich. Temos um livro dele sôbre os acumuladores de orgone(energia), fabricados por Reich. Recentemente Satbodhi, mandou um video do youtube que DeMeo fez sôbre Reich, nem sei se esta em nosso blog. Mas o que me chamou a atenção é que James DeMeo, escreveu um livro bem pesquisado, chamado "Saharasia", onde ele tenta entender o que aconteceu na pré-história, e a passagem ao patriarcado. DeMeo utiliza o término "matrismo" para referir-se ás culturas: "democráticas e igualitárias que mostram uma atitude aberta para o sexo e que possuem taxas muito baixas de violência entre os adultos". DeMeo compara ditas culturas com as culturas "patristas", que tendem a infligir traumas nas crianças e jovens, subordinam as mulheres, possuem um alto índice de violência entre adultos e diferentes instituições sociais concebidas para a expressão sádica reprimida&qu

Sociedades de parceria

As relações entre patriarcado e as religiões monoteístas, se tornaram óbvias para muitos filósofos, arqueológos, historiadores e outros estudiosos do assunto. Spinoza no sec. XVI, já analizou com agudeza a lucidez as relações entre política e teologia, o uso de supertições, ameaças e atos justificados na teologia para oprimir os seres humanos. Escreveu:"Tratado político-teológico". Michel Onfray, filósofo francês, escreveu recentemente: "Tratado de Ateologia", onde disseca os males que as religiões monoteístas e suas relações com as classes dominantes, tem trazido para a opressão, supertições, enganos, crueldades, mentiras, morais, etc, e tem contrubuído para fazer dessa terra um inferno. Riane Eisler, feminista e historiadora, com seus livros: " O cálice e a espada ", segundo Ashley Montagu, o livro mais importante escrito desde a "Origem das espécies" de Darwin. Esse livro em espanhol, tem prefácio de H. Maturana, postula a existência do patr

Quarto Príncipio do Cuidar de Si

A Vida é o valor dos valores. Não é uma abstração, ela vale por si mesma. A Vida quer se expandir, aumentar sua potência, multiplicar suas potencialidades. A medida de qualquer valor ou princípio moral é o seguinte: Expande, intensifica, aumenta a potência de Vida ou encolhe, diminue, reduz, rebaixa, deprime a potência de Vida? Essa é a pespectiva do método genealógico em Nietzsche, como entendo. Que modos de pensar, sentir, agir, intensificam a Vida? Pensamento e Vida se potenciam mutúamente? Ou se neutralizam ou entram em oposição? Assim podemos avaliar uma obra de arte, uma filosofia, um período histórico, uma civilização, um modo de viver e pensar, uma cultura, medicina, etc.

Arte erótica e ciência sexual

Foucault, "A vontade de saber": "Existem, históricamente, dois grandes procedimentos para produzir a verdade do sexo. Por um lado as sociedades-e elas foram numerosas: a China, o Japão, a índia, Roma, as nações árabes-mulçumanas-que se dotaram de uma arte erótica. Na arte erótica, a verdade é extraída do própio prazer, encarado como prática e recolhido como experiência; não por referência a uma lei absoluta do permitido e do proibido, nem a um critério de utilidade, que o prazer é levado em consideração, mas ao contrário, em relação a si mesmo: ele deve ser conhecido como prazer, e portanto, segundo sua intensidade, sua qualidade específica, sua duração, suas reverberações no corpo e na alma. Melhor ainda: esse saber deve recair, proporcionalmente, na própia prática sexual, para trabalhá-la como se fora de dentro e ampliar seus efeitos. Dessa forma constitui-se um saber que deve permanecer secreto, não em função de uma suspeita de infâmia que mantê-lo e marque seu objeto

O piolho de Foucault

Foucault me botou um piolho, com sua introdução a História da sexualidade, no denso livrinho de 1976"A vontade de Saber". Experimentei várias fórmulas para matar "o piolho" e não deu resultado. Década de 70 e 80 no Brasil, li e iniciava a trabalhar com Reich, também toda a onda contracultural da "liberação sexual"... O tema da "Repressão sexual" estava no foco de um ideário revolucionário, Foucault coloca em questão a hipótese da repressão sexual, o saber-poder tem outras artimanhas, seduções, incentivos, jôgos, etc, que no ocidente vai ligar o sexo á verdade do sujeito... Terá a sexualidade sido bruscamente censurada, reprimida com o advento do capitalismo, depois de ter vivido em liberdade de palavras e atos? Segundo Foucault a sociedade capitalista não obrigou o sexo a calar-se ou esconder-se. Ao contrário, desde meados do sec. XVI-processo que se intensifica a partir do séc. XIX com o nascimento das ciências humanas-o sexo foi incitado a s

Sociedade e crianças

Andei sonhando com crianças, sonho curioso, se tratava de modos como as crianças lidavam com a educação. Me fez lembrar de 2 livros: "História Social da Criança e da Família"de Philippe Ariés, a criança é uma noção muito recente no ocidente, sec. XVII... "Vigiar e Punir"de Michel Foucault, onde ele concebe a noção de "sociedade disciplinar", se alguém conhece algo do trabalho de W. Reich, e se quiser avivar a curiosidade do que esse careca francês, esquadrinha as artimanhas do Saber-Poder sôbre os corpos desde o sec. XVII, vai ficar no mínimo perplexo...basta abri o livro e ver umas gravuras, que não tenho como reproduzir aqui, uma delas diz: "A ortopedia ou a Arte de prevenir e Corrigir, nas crianças, as deformidades do corpo, 1749". Outra diz assim: "Máquina a vapor para rápida correção das meninas e dos meninos. Avisamos aos pais e mães, tios, tias, tutoras, diretores e diretoras de internatos e, de modo geral, todas as pessoas que tenha

Música - A paz - Gil

Composição: Gilberto Gil & João Donato A paz invadiu o meu coração De repente, me encheu de paz Como se o vento de um tufão Arrancasse meus pés do chão Onde eu já não me enterro mais A paz fez um mar da revolução Invadir meu destino; A paz Como aquela grande explosão Uma bomba sobre o Japão Fez nascer o Japão da paz Eu pensei em mim Eu pensei em ti Eu chorei por nós Que contradição Só a guerra faz Nosso amor em paz Eu vim Vim parar na beira do cais Onde a estrada chegou ao fim Onde o fim da tarde é lilás Onde o mar arrebenta em mim O lamento de tantos "ais"