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Caminhos de Liberação-I

Há 3. 000 anos de nossa história "civilizatória",
grupos de indivíduos que viviam na civilização Sarasiática,
efetuaram surpreendente descobrimentos, no sentido da
transformação da consciência ou do estado da mente ordinária.
A primeira reação dos indivíduos, diante do mal estar psicológico
sempre tem sido encontrar algum tipo de consolo: distrações,
trabalho compulsivo, status, poder, bens materiais, sexo compulsivo,
amor romantico, familia, drogas do esquecimento, assim até os dias de hoje.
De outro modo, as religiões e filosofias, tem sido utilizadas, para aliviar nossa
situação existencial e sofrimento psicológico que lhe acompanha-com a crença
de uma existência ídilica ápos a morte.
Entretanto, um pequeno número de pessoas perceberam que existia uma
possibilidade mais satisfatória e de que podiam se liberar dessa falta de harmonia
psicológica em lugar de minorar seus sintomas.
Eles comprovaram que, seguindo determinadas práticas e adotando determinados estilos
de vida, podiam transformar seu própio estado de Ser. Descobriram que era possível
transcender o ego e também o sofrimento que lhe acompanha.
Pelo que se sabe, essa compreensão surgiu na India, há 1.800 anos, algumas pessoas
começaram a dotar um novo estilo de vida. Abandonavam sua familia, sua comunidade
e se retiravam para a solidão dos bosques a praticar, o que hoje chamamos de meditação.
Esse estilo de vida na India, se tornou uma instituição, no sentido de reconhecimento
social, são os chamados Sanyasins. O mesmo aconteceu com Sidarta Gautama, que abandona
a familia, os bens materiais, a sucessão de um príncipe e se retira á floresta a praticas ascéticas
e meditativas, com 5 ascetas que viviam na floresta, depois ele se torna o Buda(desperto) e
passa a ensinar o caminho do meio, nem hedonismo e nem ascetismo, e esses 5 ascetas se
tornam seus primeiros discípulos, isso há 1.600 anos. Existe nesses primeiros sanyasins,
até nos dias de hoje, como na primeira "onda budista", o budismo Therevada, que se espalhou
por vários páises asiáticos: Butão, Sri Lanka, antiga Birmânia, Tailândia, etc, ainda uma atitude
negativa em relação ao corpo, á sexualidade, á natureza.
No budismo, essa atitude é superada, pela segunda onda, budismo Mahayana, sec. II de nossa
era, com Nagarjuna, principalmente. Depois pelo budismo tântrico, especialmente no Tibet,
onde o budismo toma muitos elementos do xamanismo popular, a religião dos Bon. Embora o Tantra, segundo Osho, existiu antes de Buda. Padmasambava, o Buda dos nossos tempos, sec. VIII, utiliza as energias das deidades e demônios dos Bon, como protetores do Dharma. Esse budismo tântrico, dos meios velozes, transmutações energéticas, o Vajrayana,
onde o corpo, a sexualidade, a natureza são elementos fundamentais, tem elementos também
indianos, Shiva(masculino) e Shakti(feminino), Shiva representa a Consciência informe e Shakti
a energia criadora, eles se encontram num abraço genital, símbolo do gozo cósmico, que vemos
nas deidades tibetanas em abraço genital. Rajneesh-Osho é um mestre tântrico, daí o uso do
corpo em suas meditações e ensinamentos, e os 5 volumes, do "livro dos segredos" ou o livro
"Tantra, a suprema compreensão", ensinamentos de Tilopa a Naropa, que vai se tornar uma das
4 linhagens tibetanas. Marpa vai a India e se torna discipulo de Naropa(o tradutor tibetano, do
mesmo modo que alguns ocidentais se tornam tradutores dos ensinamentos orientais, que implica um processo experiencial de transformação). Marpa é o mestre do famoso Santo Milarepa e esse de Gampopa e até os dias de hoje, essa corrente de transmissões vigoram,
Chogyam Trungpa, a chamada "sabedoria louca", meios rápidos e intempestivos.
Voltando a India de 3.000 anos, esses primeiros psiconautas, transmitiram seus ensinamentos
que foram salvaguardados nos Vedas e Upanishads. Segundo esses sábios hindus, nossa visão do
mundo é falsa, parecemos a alguém míope, sem sabe-lo, e assumimos que estamos vendo o mundo tal qual é, enquanto só vemos uma pálida sombra do mesmo. Em especial a dualidade e separação que assumimos, separação entre o eu e o mundo ou entre os distintos objetos e fenomenos. A Verdade, segundo os Upanishsds, final dos Vedas, é que a totalidade do universo
e tudo que contém se acha impregnados por Brahma ou Espírito. "Uma essência sutil e invísivel
é o espírito do universo".
Mundaka Upanishad "Brahman é quem percebe, o que pensa, o que marcha, o procriador, o que
atua, o que fala, o que saboreia, o que cheira, o vidente o que escuta".
Porém o importante é que Atman e Brahman são UM e o MESMO.
"ESSA É A REALIDADE. ISSO É ATMAN. TU ERES ISSO!"
Para esses Rishis só sofremos uma CONFUSÃO DE IDENTIDADE, trataram de tirar a máscara do ego, que se acredita o dono da casa. Na India temos a tradição da Vedanta(Shankara) e da Yoga, iniciada formalmente com Patanjali, sec. II da nossa era.
Há 2.600, "era" que o filosofo e psiquiatra, Karl Jaspers, chamou de "Era Axial", surgiu na India o Budismo e o Jainismo(religião original de Rajneesh), Taoísmo na China, Heráclito, Parmenides e
Pitágoras na Grecia, Zaratustra na Pérsia.
Encontramos em Osho discursos sôbre Buda, Lao tsé, Chuang Tzu, Heráclito, Pitágoras, Mahavira(Jainismo), Zaratustra e outros, num resgate da Sabedoria Perene da humanidade.
Interessante é que em Lao Tsé e Chuang Tzu, encontramos sempre referências aos homens
antigos ou uma época ídilica, como diz aqui Chuang Tzu(sec. III de nossa era):
"Na idade da virtude perfeita todos eram justos e corretos e se amavam uns aos outros: sabendo que a benevolência consistia em agir desse modo...eles não se rebelavam contra a necessidade, nem sentiam orgulho pelo que possuiam. Desse modo, podiam equivocar-se e não arrepender-se, tinham êxito e não lhe davam importância".
Essa era dourada, esta presente, como mitos e lendas, em diversas tradições Sarasiáticas...
Um cientista como Humberto Maturana, pensa que tivemos uma era de abundância, e faz
sua interpretação daquilo que deu ínicio ao mundo do 'ego intensificado' ou da sociedades
'patriarcais-matriarcais', pensa ele que que a "queda"civilizatória, aconteceu, quando os
seres humanos pastores(Abel, foi um deles), EXCLUÍRAM o Lôbo, protegendo os rebanhos
do seu alimento natural...Maturana, tinha um cachorro que chamava de Lôbo...talvez seu
modo taoísta, ou símbolico, de lidar com a EXCLUSÃO DO OUTRO, seja animal, COMO
LEGPITIMO OUTRO NA CONVIVÊNCIA...Esse estrato matriztico, sempre co-existiu em
nossa civilização Sarasiática...
Vemos no filme: "Encontros com homens notáveis" baseado na auto-biografia de Gurdjieff,
quando ele chega na comunidade Sarmouni, essa que teria como símbolo o eneagrama, há
uma cena em que um dos mentores da comunidade, coloca a mão no seu ombro e diz:"Nós
temos 2 partes, o cordeiro e o lôbo, temos que integrar essas duas partes".
Na China antiga, não sei o que sobra dela nos dias de hoje, é talvez a única cultura(não sei se
estou falando besteira)que constituiu uma filosofia existencial da imanência, onde corpo, natureza, mulher, crianças tem um lugar de destaque. Teríamos muito que aprender sôbre
outra concepção da natureza elaboradíssima, comparando com a nossa, esta nos livros de
Alan Watts "O homem, a mulher e a natureza", "O curso do Tao" e outros livros dele.
Joseph Neeedham e seus 6 volumes; "Civilização na China", Liu Yutang, traduções em
Português "Compreender a Vida", François Julien "Figuras da Imanência" e outros livros,
que esteve na feira do livro em Porto Alegre, ano passado. Essa compreensão chinesa taoísta,
esta na arte, arquitetura, caligrafia, medicina, sexualidade, práticas corporais, meditações,etc
O encontro do taoísmo e budismo, sec. V, da nossa era, Bodhidharma que levou determinada
forma de budismo radical, transmissão instântanea, faz brotar ou continuar, essa flôr rara da
espiritualidade, que é o Zen, vivasso até os dias de hoje, com influências em todo o mundo contemporaneo, apartir do sec. XX...enconttro de Bud+Lao Tsé...
Na opinião do historiador das civilizações, Arnold Tonynbe(escreve mais ou menos assim),
o acontecimento civilizatório mais importante do sec. XX, é a chegada e influência do budismo
no ocidente!
Tanto Buda, como Jesus, Maravira, Sócrates(que aprendeu de Diótima e se dizia parteiro de almas,como sua mãe que era parteira) Lao Tsé e outros tinham uma atitude sem preconceitos
de castas, de sexo, de idade e de não-violência, o que imperava entre os Sarasiáticos...
Tanto nas religiões monoteistas, como o Judaísmo, encontramos a Cabala e o Hassidismo,
no Cristianismo encontramos diversos padres da Igreja primitiva, Meister Eckart, Jacob Boheme, San Juan da la Cruz, Teresa de Ávila e muitos outros, heréticos em relação á
doutrina Cristã. No Islam, os grupos Sufis, Rumi, Ibn Arábi, Hakim Sanai, Baiayzid, Farid
Uddín Attar"A linguagem dos pássaros", Mansur Al-Hallaj que foi esquartejado em Bagda,
por proclamar públicamente:"EU SOU A VERDADE".
Quer dizer, sempre houve uma forte CENSURA em relação ao TABU, dos experimentadores
ou "Buscadores da Verdade" de descobrirem "quem são ou o que é esse mundo" fora dos cânones estabelecidos. Até os dias de hoje, onde alguém, que vê átraves da hipnose social, pode muito bem, parar num hospital psiquiátrico, tem acontecido e acontece, daí que alguns psiquiatras que passaram por algumas dessas experiências desenvolveram uma "rêde de emergência espiritual", para apoiar pessoas que estejam passando pelo "PROCESSO DE DE-PROGRAMAÇÃO"(Satbodhi).
Bem, muitos povos, até os dias de hoje, utilizavam determinadas substâncias, em rituais sagrados, cogumelos(mescalina), cactus(peyote), sementes de Iboga, DMT e harmalina, encontrados no Mariri e na Chacrona, um cipó e uma folha. Claudio Naranjo acha que essa mistura do "Yajé", eram usadas nas religiões de mistério na Grécia antiga, enquanto outros pesquisadores comoGordon Wasson, antropólogo, amigo de Albert Hoffman, um dos maiores pesquisadores de"cogumelos mágicos", acha que era o "fungo do centeio", que veio dar no LSD-25, a substância utilizada por centenas de pessoas nos rituais de mistérios na Grécia antiga.
Hoje, esta aí, o mariri(macho) que "nos dá força" e a chacrona(fêmea)"que nos dá a luz", esse
sacramento da União do Vegetal, Santo Daime, Barquinha...surgidos no alto Amazonas, trazidos
por homens simples, seringueiros nordestinos...espalhados pelo planeta Terra, digo "Belezura"...
Essa foi a primeira onda, de liberação, surgida ou individualmente ou em pequenos grupos...
num contexto chamado de "Tradições Espirituais"...e suas técnicas de Êxtase ou a prática
fundamental de "transcendência do ego": A MEDITAÇÃO, que vem da palavra sancrita, Med,
que vai dar em medicina do corpo e do espírito...
É importante ressaltar, que muitas dessas Tradições NÃO-DUAIS, vão além em muitos aspectos
das "religiões ou modo de vidas dos povos primitivos"...como se o misticismo tivesse um
aspecto extrovertido e outro introvertido...e outros que unem os dois...
Se diz que o Buda já conhecia todas essas possibilidades e dava seus ensinamentos conforme o
nível de compreensão dos ouvintes...






h





Comentários

Estado de Buda disse…
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