Nas palavras de Ken Wilber, a intensificação do ego, iniciada há 6.000 anos:
"Trouxe uma brilhantez lógica e sintática que não tardaria a trazer a medicina,
a ciência e a tecnologia".
Sem dúvida, Anne Baring e Jules Cashford referem como o principio da idade
de bronze: "ocorreu uma tremenda explosão do conhecimento que propiciou
o descobrimento da escrita, das matemáticas e a astronomia. Foi como se de
repente a mente humana tivesse revelado uma nova dimensão de si mesma".
Essa "brilhantez lógica e sintática", de Wilber.
Isso significa que a eclosão da da guerra e da opressão social, que surgiu
há 6.000 anos, foi acompanhada por uma explosão tecnológica.
Não resta dúvidas, de que essa medicina, tecnologia e ciência estiveram a serviço
e foram forjadas por determinadas classes sociais, com suas metas e seus fins.
No curso de poucos séculos, os povos Saharasiáticos fizeram importantes inovações
no trabalho dos metais, as técnicas de construções, a roda, o calendário e os sistemas
de irrigação, etc.
A nova classe de inteligência propiciada pela intensificação do ego, não tem deixado,
desde então, de produzir avanços tecnológicos e intelectuais, embora desde nossa
"mente restringida", possamos não fazer o uso adequado desses 'progressos': os aviões,
as viagens espaciais, a física quántica, a genética, a informática, internet, avanços na
medicina e sanitarismo, etc.
Segundo Steve Taylor:
"A explosão do ego, foi a causa do que os arqueólogos, denominam "CIVILIZAÇÃO".
A "civilização" denota em geral, alto grau de organização tecnológica e social-incluindo
uma poderosa autoridade central-e a cumulação de excedentes de alimentos e outros bens materiais, porém também a guerra e a estratificação social.
Essa foi uma pergunta que Einstein fez a S. Freud, por ocasião das duas guerras mundiais
no sec. XX: "Porque a Guerra?"
Me parece que Freud, escreveu um artigo a respeito, responde em termos de uma intensificação
das insatisfações instintuais, um transbordamento das energias reprimidas pela "civilização".
Falhas nas defesas do ego.
A intensificação do ego levou também a filosofia e psicologia, no lugar de focalizar nossa atenção
no mundo fenomenico, como faz a ciência, focalizamos no mundo interior.
A filosofia dava sentido a condição humana que parecia ABSURDA e a psicologia trata de entender e cicatrizar-a profunda divisão existente na mente humana.
Martin Heidegger cria uma palavra para dizer o ser do homem, em alemão: DA-SEIN, O SER AÍ, O SER-NO-MUNDO, tentando superar essa divisão sujeito e objeto. Nos alertava para os
estragos que a ciência e técnica traria na Existência..."o medonho já aconteceu".
Ao aumentar nossa capacidade de interiorização, a intensificação do ego, nos proporcionou
algumas "clausúlas de recisão", modos de superar as dificuldades que ela mesma havia gerado,
nos dotou da capacidade de análise e compreensão de nós mesmos, para que pudessemos nos
TRANSFORMAR e deixar de experimentar nossa falta de harmonia interior.
Isso é o que ensinam os caminhos espirituais, ou "caminhos de liberação" desenvolvidos por
Patanjali, Buda, Mahavira, Nagarjuna, Plotino, Epicuro, Jesus, Kabir, Shankara, Lao tsé, Rumi, Gurdjieff, Krisnhamurti, Osho, etc.
Um dos aspectos negativos(tem os positivos)que trouxe a intensificação do ego ou cristalização da "couraça muscular do caráter" foi um "MAL ESTAR PSICOLÓGICO", que não escapou a
Freud e Buda que falou que a "A VIDA É SOFRIMENTO".
Esse mal ESTAR PSICOLÓFGICO tem algumas características:
-UMA SENSAÇÃO DE SOLIDÃO, DE SEPARAÇÃO DA NATUREZA E UM SENTIMENTO DE
CARÊNCIA.
Um "trauma original":
"Dado que somos criaturas nascidas para viver na participação vital com o mundo natural,
a violação de tal participação, constitue a base de nosso trauma original...o trauma original
que se reflete na desorientação que experimentamos, seja consciente ou inconscientemente,
porque temos deixado de viver em integração com mundo natural; é o deslocamento psicológico,
o exílio inerente á vida civilizada. É nossa falta de habitar", Chell Glendinning.
-O DIALOGO INTERIOR INTERMINÁVEL, uma falta de controle de nossa própia mente,
uma tensão cerebral permanente-"COURAÇA CEREBRAL", automatismo mental. Osho,
numa palestra no Uruguay, diz que uma massa de pensamentos, umas camadas de nuvens
nublam nossa PERCEPÇÃO, dá uma sensação de que temos uma "mente substancial".
-UMA PERCEPÇÃO ANESTESIADA, deixamos de perceber o mundo com VIVACIDADE,
o que algumas pessoas chamariam de mundo REAL, como se estivessemos vivendo uma
espécie de sonho em vígilia, os Sufis chamam de "estado de sono", por isso, chamam de
DESPERTAR, essa CONSCIÊNCIA CLARIFICADA DE SER-NO-MUNDO.
-O MÊDO DA MORTE, na medida que os seres humanos desenvolvem a auto-consciência,
também desenvolvem a consciência de sua potencial inexistência, tomam consciência da
morte. Como diz Yalom: "o mêdo da morte desempenha um papel central em nossa existência:
nos enfeitiça mais que qualquer coisa: borbulha constantemente por baixo da superfície: é uma
escura e desestabilizadora presença no limite da nossa consciência".
-UMA INFELICIDADE SUBJACENTE, como escrevia Camus:"o ABSURDO é o conceito central
e a verdade primeira". Freud, afirmava que a a psicoanálise tem como meta transformar o
"sofrimento neurótico em sofrimento comum".
DEPOIS EXISTEM VÁRIOS MODOS DE FUGIR DO MAL ESTAR PSICOLÓGICO:
-Trabalho compulsivo
-A Possesividade, acúmulo de bens, apegos, hedonismo...
-o status social, poder, êxito social...
etc.
Enfim, a INTENSIFICAÇÃO DO EGO OU CRISTALIZAÇÃO DA COURAÇA MUSCULAR É
UM MODO RE-DISTRIBUIR A CONSCIÊNCIA-ENERGIA NA RELAÇÃO CORPO-MUNDO!
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