Li os evangelhos no ínicio da vida adulta, lá pelos 18 a 20 anos, e recentemente depois que comecei a escrever nesse blog, apartir de algum dito de Jesus que postei, passei a lembrar de versículos e parábolas espontaneamente. O Cristianismo foi minha religião materna. Papai ateu.
Tive minhas primeiras experiências espirituais espontaneamente com Jesus, como um arquétipo do Ser Transpessoal, o que Jung chama de Self, a imagem da Totalidade carregada de energia que habita o coração humano.
Depois tomei uma distância crítica do Cristianismo, que tem sido usado e abusado pelas organizações religiosas Cristãs. Passei a buscar a espiritualidade no Oriente, especialmente no Budismo e num envolvimento com o Sufismo. Átraves de Osho absorvi diversas Tradições Espirituais, também Alan Watts, Ken Wilber, Grof, Naranjo, Almaas e outros.
Hoje encontro o que necessito no Ocidente mesmo.
Jesus é fogo ardente, não tem nada a ver com crenças, moralidade, religião organizada. Sem apelar para os Evangelhos apócrifos: Tomé, Felipe, Madalena, que autores como Jean Ives Leloup utiliza para dar fundamento a uma Psicologia Transpessoal e resgatar o fundamental
da Tradição Espiritual Cristã; os evangelhos conhecidos, mesmo que possivelmente alterados
pela igreja, contém certas passagens que são impressionantes, além do estilo poético de Jesus,
suas parabólas e alegorias, utilizando a natureza como motivos exemplares.
Jesus é um exemplo único na história, o que nos faz perguntar se passou por uma escola, por determinados ensinamentos, já que nada sabemos de sua vida até sua aparição aos 30 anos.
Nietzsche toma o cristianismo como uma moral de ressentimento, de negação da Vida, do corpo, da Terra. Moral reativa de um povo oprimido.
Mas em Jesus, não há nenhum ressentimento, é pura Afirmação da Vida, ELE É UM CRIADOR DE VALORES, não é um homem reativo. Jesus é um Aristocrata, no sentido de nobreza de espírito, é uma abelha carregada de mel, um Óasis na áridez do deserto do seu tempo, plena
de abundância de Vida interior, que fala ao povo. Isso é interessante, os díscipulos de Jesus são pessoas do povo, Pedro é pescador que ele quer transformar em pescador de almas.
Pedro diz, tenho familia, pai, mãe, espôsa, filhos. Jesus diz essa frase fortissíma:"Deixe que os mortos enterrem os mortos", que podemos entender como seres adormecidos, que não conhecem suas maiores possibilidades. Pedro atende o chamado de imediato. Que raro isso, se damos crédito ao escrito. É um fenomeno energético, um reconhecimento imediato, uma pessoa com alta carga de Vitalidade que atrai outra de menor carga, o que se poderia chamar um recrutamento de energia, onde um polo de maior carga atrai outro de menor carga.
Buda, por exemplo, tinha díscipulos que já eram buscadores espirituais, alguns muito qualificados: Sariputra, Mahakasiapa que ele transmite a flôr do Zen.
Com Jesus algo novo entra na existência, ele traz um remédio para a humanidade: O Amor,
que não tem nada de sentimentalismo e das babaquices que fomos acostumados a acreditar.
Ele esta falando de uma realidade ONTOLÓGICA, provavelmente a qualidade mais abrangente
do Ser, a Idéia Divina central do Eneagrama. Algumas Tradições Espirituais, como algumas ordens do Sufismo, toma o Amor como a via central para a União com o Divino, Rumi, Ibn Arabi,
Omar Khaiam. "O Amor que move o ceú e as estrelas", na frase de Dante, que foi influenciado pelos Sufis.
Jesus não fala como intelectual, fala da sua experiência, da sua percepção.
"ABANDONARÁS TEU PAI E TUA MÃE", nada que ver com a predicação Cristã centrada na familia, essas ilhotas de arame farpado que separa os afetos do resto da humanidade, como um Pátria e seu território, as religiões e seus deuses particulares em guerra de dominação, as identidades encouraçadas, muralhas de proteção em relação aos outros seres humanos.
Essa cena, parece que no Evangelho de João, onde Jesus esta morrendo na cruz e Maria vem com João vê-lo, Maria começa dizendo"Meu filho...", Jesus interrompe e fala"Seu filho? Onde esta seu filho? Ele, João, é o seu filho!". Aí esta, ele esta apontando a transcendência da pequena familia e afirmando que TODOS SOMOS PARTE DA GRANDE FAMILIA QUE É A HUMANIDADE. Não significa que temos que abandonar papaizinho, mamãezinha e os queridinhos irmãozinhos de sangue, apenas que o afeto não fique gosmento, grudado neles, todos Edipianizados. O Édipo é uma construção social reproduzida pela Psicanálise e seu familialismo,
o cara deita no Divã e o Psicanalista em algum momento lhe faz confessar, se for homem, "Tome consciência: Você queria fuder com mamãe e matar Papai".
Deitado no Divã falei para um Psicanalista"Pode crer, eu preferia as empregadas do que mamãe, eram mais novinhas e gostosinhas!". Ele não acreditou e eu abandonei o Divã.
Depois de Darwin, tem muita gente que não acredita que somos todos irmãos ou fazemos de conta que não acreditamos.
Esse era o sonho da juventude de 68. Utopia? O sonho acabou?
Esse é um dos 4 principios fundamentais da Escola Arica:
A UNIDADE DA HUMANIDADE!
Caminhamos nessa direção ou ficamos entrincheirados no quartel general dos interreses privados?
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