Pular para o conteúdo principal

Vida contra a morte

Acho que em nossa cultura tomamos demasiadamente "mal",
de um modo negativo, a IDÉIA DE MORTE, uma cultura de vida
contra a morte, como se fossem opostos irreconciliáveis.
Em geral somos "cagões" diante da finitude dos seres, coisas,
situações, cuje lei é a IMPERMANÊNCIA, como se houvesse
um desejo imbutido de permanecer, de se imortalizar, de viver
para sempre, de continuar o mesmo, ainda que em outra encarnação,
ou num terreninho no ceú. Seguimos APEGADOS AO PERMANENTE,
É COMO SE APEGAR Á FRUSTRAÇÃO!
QUANTO DA NOSSA NEUROSE CIVILIZATÓRIA ESTA PRESENTE
ESSE "CAGAÇO" COM A MORTE?
Se olhamos o traçado dominante da cultura ocidental, esta esse
DUALISMO DO CORPO x ESPÍRITO, ESSE MUNDO ILUSÓRIO X
O MUNDO VERDADEIRO, UMA DEESVALORIZAÇÃO DESSE MUNDO,
DESSE CORPO, DESSA VIDA, presente já em Platão, que domina o
cenário filósofico muitos séculos, depois temos a TEOLOGIA CRISTÃ,
esse Platonismo do povo(Nietzsche), onde de modo mais acirrado é travada
uma batalha contra o corpo, a sexualidade, os desejos da carne, fonte do
pecado, a formação de um "ideal ascético", 1.000 séculos de MÊDO no
ocidente(só falta alguém dizer que é genético), verdadeiro terror da morte,
asssombrada pelo fogo do inferno. A modernidade, que dá origem á ciência,
representada por Descartes, A RAZÃO, TOMA O LUGAR DE SENHORA, ESSA "COISA
PENSANTE" E CORPO "ESSA COISA EXTENSA", A SER MEDIDA, DOMESTICADA,
QUANTIFICADA, DESMEMBRADA, CONTROLADA, SE TRATA DA VIDA, DE PERCEBER
A NATUREZA. NÃO ESTARIA IMBUTIDO NA CIÊNCIA UM DESEJO DE IMORTALIDADE,
DE LUTA CONTRA A MORTE, COMO SE MORRER FOSSE UM FRACASSO?
ESSE PÂNICO, ESSA ANGÚSTIA, ESSA FOBIA NÃO TEM EFEITOS SÔBRE O MODO
COMO VIVEMOS?
COMO SE A MORTE JÁ NÃO ESTIVESSE PRESENTE NA VIDA E VICE-VERSA, QUANDO
TERMINAMOS UM RELACIONAMENTO, UMA PASSAGEM DA VIDA, QUANDO MUDAMOS
DE IDADES, TRABALHOS, AMIZADES...A QUALIDADE DE VIDA, SEU MODO INTENSIVO,
NÃO TEM A VER COM A ACEITAÇÃO DE SUA IRMÃ GÊMEA, A MORTE?
O QUE TEM A VER A CRONOLOGIA DA VIDA, MESMO EM COMA POR ANOS, COM A POTÊNCIA DE VIDA,
UMA VIDA INTENSA...DESCARTES, O RELOJOEIRO, AINDA PÊSA SÔBRE NOSSOS CORPOS
E MENTES...CORREMOS CONTRA O TEMPO...ADIAMOS A VIDA PARA DEPOIS...
UM DOS PHARMAKÓS DE EPICURO, TALVEZ O MAIS SIGNIFICATIVO, DIZIA:
'"DA MORTE NÃO TEMOS NADA A TEMER", e discorria sôbre o tema.
AÍ TEMOS O "CUIDADO" FAZENDO DA EXISTÊNCIA UMA OBRA DE ARTE!
TALVEZ TENHAMOS QUE APRENDER UMA YOGA DA ANGÚSTIA, QUE NOS LEVE A
A SERENIDADE, A ATARAXIA DE EPICURO.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Swami Deva Prashanto

Prashantinho, Prata da casa de Osho, hoje perto dos 80 anos, Costumava dizer que tinha mesma idade do seu Mestre! Nunca lhe vi vacilar como díscipulo Desde que Rajneesh no final dos anos 70 botou seu dedo na sua testa Levanta o dedo E conta: "Porra, a mente Parou!" Aron Abend, Judeu carioca, tornou-se Sw.Deva Prashanto, até os dias de hoje. É um dos mais fiéis díscipulos de Osho que já vi! Em 81, fiz meu primeiro Workshop, com a turma do Rajneesh, "Retornando á Fonte"! Diz ele que pirei no grupo: Aqueles abraços, olho no olho, medições dinâmica, Kundalini, Giberish, bioenergética, Rebirth, as mulheres me tocando em todo corpo, gritava, pulava, chorava de Alegria e ele não sabia que fazer com esse novo maluco-beleza, me botou, no meio do grupo diante de uma foto de Rajneesh! Retornei á Fonte! Lágrimas nos olhos, agora, que estou lembrando disso... Profunda Gratidão, Prashantinho, você foi a porta do Mestre!

O mito do cuidado (Fábula de Higino)

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome. Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada. De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa: "Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem

Merleau Ponty, Paul Klee e Cézanne

Obra de Paul Cézanne Merleau-Ponty Klee Red Balloon (Klee) “A Arte não reproduz o visível, ela faz visível” (Paul Klee) “Só se vê aquilo que se olha”. Tudo o que se vê por princípio está ao alcance do olhar. O mundo visível e o mundo dos projetos motores são partes totais do mesmo ser; e é essa concepção que nos impede conceber que a visão é como uma operação do pensamento, levantada diante do espírito, formando um quadro ou uma representação do mundo. “O corpo é ao mesmo tempo vidente e visível”, tem uma face e um dorso, um passado e um futuro, entre outras coisas. Para Merleau Ponty o espírito sai pelos olhos para ir passear pelas coisas, e como diz Max Ernest: “assim como o papel do poeta, desde a célebre carta do vidente, consiste em escrever sob a inspiração do que se pensa, do que se articula nele, o papel do pintor é cercar e projetar o que nele se vê”. Como, por exemplo, o espelho, que surgiu no circuito aberto do corpo vidente - visível. O espelho aparece porque há uma reflexi