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Zen e Zenão

Nagarjuna
Se diz que Sidharta Gautama, que se tornou o Buda,"O desperto". Antes de expirar seu último alento nessa Terra, fez a predição da vinda daquele que viria expandir a compreensão do Dharma...
Nagarjuna se manifestou no sec. II A.C., na India, o célebre sábio budista desenvolveu o sistema madhimika (caminho do meio), meio habilodoso (upaya), extremamente refinado, de passar sabonete nas argumentações lógicas da mente-intelecto-ego, que escorrega com nariz no chão, nas suas pretensões de sair vencedor nas disputas intelectuais e filosóficas, desse modo aprisionar a sabedoria(prajna) num conhecimento codificado.
O madhyamika é a refutação sistemática de qualquer opinião filosófica classificável na lógica indiana: (a)É, (b)NÃO É, (c)É e NÃO É, (d)NEM É NEM NÃO É ou (a)SER, (b)NÃO-SER, (d)SER e NÃO SER, (d)NEM SER NEM NÃO SER.
Assim, por exemplo, (a) propõe SER e SUBSTÂNCIA como realidade definitiva, ao modo Aristotélico e Santo Tomás de Aquino; (b) ao modo de David Hume, repele essa assertiva como mera reificação de um conceito; (c) no estilo sintético e dialético de Hegel, afirma ambos termos mostrando sua mutualidade; (d) seria uma forma de agnosticismo ou niilismo.
Mas, por ser a linguagem dualista ou relacional, qualquer afirmação ou negação só pode ter sentido em relação ao seu oposto. Todo enunciado, toda definição, traça uma fronteira ou um limite; classifica alguma coisa, assim se pode mostrar que o que esta dentro da fronteira coexiste com o que esta fora. A dialética madhyamika utiliza isso para mostrar a relatividade de qualquer premissa metafísica; e assim, entrar tal dialeta é inevitavelmente jogar um jogo perdido.
Mas, a intenção do método madhyamika não é criar um sistema infalível de ganhar discussão. É positivamente uma terapia, um contrajogo libertador, sendo um dos antecedentes históricos da técnica do Zen.
Mané Zenão, aluno do grego que desenvolvia paradoxos lógicos, tem mania de cutucar seu amigo Zé do Zen, com provocações lógico-maliciosas...Zé do Zen contrapõe... o jogo pode seguir, com ares (Aires) divertidos... jôgo é jôgo... necessita oponentes..."o eu é um outro"(Rimbaud)...
Entre Zen e Zenão...existe um vazio enlaçado por Nagarjuna... daí eles sentam, abrem um bom vinho espanhol... estalam a língua e riem de si-mesmos...
Assim a amizade se enriquece e se estiliza!

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