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A onisciencia como potencial

Texto retirado de HUXLEY. Portas da percepcao. p. 10.
A função do cérebro e do sistema nervoso é, principalmente, eliminativa e não produtiva. Cada um de nós é capaz de lembrar-se, a qualquer momento, de tudo o que já ocorreu conosco, bem como de se aperceber de tudo o que está acontecendo em qualquer parte do universo. A função do cérebro e do sistema nervoso é proteger-nos, impedindo que sejamos esmagados e confundidos por essa massa de conhecimentos, na sua maioria inúteis e sem importância, eliminando muita coisa que, de outro modo, deveríamos perceber ou recordar constantemente, e deixando passar apenas aquelas poucas sensações selecionadas que, provavelmente, terao utilidade na prática (C D BROAD).
De acordo com tal teoria, cada um de nós possui, em potencial, a Onisciência. Mas, posto que somos animais, o que mais nos preocupa é viver a todo o custo. Para tormar possível a sobrevivência biológica, a torrente da onisciencia tem de passar pelo estrangulamento da valvula redutora que sao nosso cérebro e sistema nervoso. O que consegue coar-se através desse crivo é um minguado fio de conhecimento que nos auxilia a conservar a vida na superfície deste singular planeta. Para formular e exprimir o conteúdo desta sabedoria limitada, o homem inventou, e aperfeiçoa incessantemente, esses sistemas de símbolos com suas fIlosofias implícitas a que chamamos idiomas. Cada um de nós é, a um só tempo, beneficiário e vítima da tradição linguística dentro da qual nasceu -beneficiário, porque a língua nos permite o acesso aos conhecimentos acumulados oriundos da experiência de outras pessoas; vítimas, posto que isso nos leva a crer que esse saber limitado é a única sabedoria que está a nosso alcance ; e isso subverte nosso senso da realidade, fazendo com que consideremos essa noção como a expressão da verdade e nossas palavras como fatos reais. Aquilo que, na terminologia religiosa, recebe o nome de "este mundo" é apenas o universo do saber reduzido, expresso e como que petrificado pela limitação dos idiomas. Os vários "outros mundos" com os quais os seres humanos entram esporadicamente em contato nao passam, na verdade, de outros tantos elementos componentes da ampla sabedoria inerente à Onisciência. A maioria das pessoas, durante a maior parte do tempo, só toma conhecimento daquilo que passa através da válvula de redução e que é considerado genuinamente real pelo idioma de cada um. No entanto, certas pessoas parecem ter nascido com uma espécie de desvio que invalida essa válvula redutora. Em outras, o desvio pode surgir em caráter temporário, seja espontaneamente, seja como resultado de "exercícios espirituais" voluntários, do hipnotismo ou da ingestão de drogas. Mas o fluxo de sensações que percorre esse desvio, seja ele permanente ou temporário, nao é suficiente para que alguém se aperceba "de tudo o que esteja ocorrendo em qualquer lugar do universo" (uma vez que o desvio não destrói a válvula de redução, que ainda impede se escoe por ela toda a torrente da Onisciência), embora possibilite a passagem de algo mais -e sobretudo diferente -do que aquelas sensações utilitárias, cuidadosamente selecionadas, que a estreiteza de nossas mentes considera como uma imagem completa (ou, no mínimo, Suficiente) da realidade.
COMENTÁRIO MANOEL
Entendo a omnisciência como Idéia Divina a visão direta da interação de todas as coisas, eventos e entes - que dissolve a fixação, que é uma idéia equivocada do isolamento ou separatividade de entes e objetos no tempo e no espaço. Essa idéia é parte de uma "visão de mundo" sustentada pela física classica, do chamado paradigma cartesiano-newtoniano e atualmente substituido pela física quantica. É interessante compreender como a ciência constroi, se apoia e sustenta em uma mentalidade - uma visão de si mesmo e do mundo. Uns acidozinhos na cabeça de algum cientista maluco revelava e dissolvia esses construtos mentais tomados como reais. O mundo então aparece em sua insubstancialidade, impermanencia, onde cada ente surge como desprovido de existencia inerente, cada coisa é em sua relação com tudo mais. Esse é o sentido em que no budismo se diz dá ilusão do ego. Ausencia de solidez, permanencia, substancialidade, enfim de existencia inerente. Talvez se possa compreender a onisciencia, de diversos angulos ou níveis, esse de Huxley parece hologramático, cada parte contém o todo. A rede é uma forma de dissolver a fixação da separatividade. Oniciência é visão da simultaneidade, eternidade é o mundo visto no olho de Deus. Tudo é aquiagora.

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