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Deriva-esquizo...

É necessário, brincar com a vulgaridade, própia e alheia, para espremer e ex-trair um 'suco' da fruta-vida, sentida(sein=ser), saboreada, que podemos cuspir, engolir, tragar ou provar como se faz com um vinho no 'boxexo', deliciar. Acho que tenho uma 'experiência" esquizo, de vez em quando, talvez de 'fundo', ou uma camada esquizofrênica, camuflada pela neurose de civilização e ainda mais na superfície essa 'normose' horrorosa da cultura contemporânea. O que chamo, em mim, de experiência esquizo, acordei assim hoje, é um sentimento de estranhamento do mundo, de mim mesmo, uma naúsea sartreana com a existência, como se tivesse dois mundos: esse 'aqui' , dos sentidos, vozes, imagens, movimentos de personagens 'quase' fantasmagóricos, bichos, plantas, sons distantes des-garrados, mosaicos multiformes fragmentados na simultaneidade, um olhar embaçado que não se acopla de todo ao 'ser do mundo'...tem um ser o mundo?
Ou tudo são 'esquizes', pedaços, fragmentos? Nauséa-mundo-eu...e quanto mais adentro essa vivência mais intensificada a naúsea...tento apalpa-la, é como uma 'quase dor de existir'...ex-tímica... minha e não-minha...mia...escuto um miado de gato... Sou um filho do século da "morte de Deus", um buscador de sentido, de lucidez, de inteireza, de amor, de êxtase e pilintragens...
A palavra 'Deus' vem do latim 'dies', que quer dizer o "dia", a "luz". A luz não se vê, ela permite ver. Daí as Tradições Espirituais, invariávelmente falam de "Iluminação". Experienciei, algumas vêzes, a dissolução das 'esquizes', todos os 'entes' se encaixam 'como por milagre' numa espaciosidade, luminosidade, nem dentro, nem fora, transbordamento de sen-tido, Ser-aí, o estranho-familiarizado, quero dizer, habitado, esse Ser que É, mas não sabemos o que É.
O Ser(como o Tao)que se pode nomear Não é o verdadeiro Ser(Tao)...Assim se inicia o Tao Te Ching, essa pérola chinesa... Quando se objetifica o Ser o que temos é um "ente"... Mas, ele admite múltiplas aproximações, balbuceios, nominações diversificadas...Os Sufis, dizem, que "Ele" tem 99 nomes..."O Sutil'..."O Misecordioso"...O Pacifífico"...e por aí vai...
Budistas, na minha compreensão, adentram meditando na "Vacuidade" como alumbramento, porta de entrada ao Ser, que preferem falar negativamente como "Vazio", que quer dizer "coisa nenhuma" e positivamente como "Natureza Primordial", cujo ser é "Luminosidade"... HUUUMMM..."OM MANI PADME HUM". Hinduístas iletrados, simplificadores de letras, resoam o 'nome dos nomes', apenas como: "OM"! O poeta R. M. Rilke, dizia que "Aberto" era o têrmo, menos blasfematório, para dizer o Ser. Os Judeus-cabalistas dizem "O INOMINÁVEL"...haaaá...tou passando da naúsea para o riso!
Para quem escrevo? Gertrud Stein: "Uma rosa É uma rosa, É uma rosa! L. Wittigstein, tentou dar um golpe na tradição filósofica metafísica ocidental no "Tratactus...": "O que não se pode falar, deve-se calar." Setenciou. Para quem, a filosofia era uma terapia da linguagem. Heidegger, acharia uma besteira, já que "A linguagem é a casa do Ser". Deleuze, quase sem pulmões e ar, com sua bela risada, disse que Wittt...era um idiota, não pelo Ser, mas por sua tentativa de calar a filosofia...
O "esquizo" é um autêntico problema, diferente do neurótico patinando na mesmice, habitado por fluxos nômades, forças intensivas diferenciais, linhas de fuga que podem levar a campos minados...criamos mundos, de conceitos, perceptos, afetos... Jesus, é um terremoto no mundo ocidental, Judeu-Grego-Romano, quando diz que "Deus é Amor"...desfazia todas distinções de classe, gênero, raça, idade...demolia a piramide patriarcal, acolhia as minorias, fundamentava a democracia e celebrava o encontro da Transcendência + Imanência: Transparência!
O grande Sufi, nascido na Espanha no sec. XIII, Ibn Arabi, diz: "Aquele cuja doença se chama Jesus é incurável". Esses dias, via o filme "Os irmãos Karamavoz", baseado no romance de F. Dostoievski, antes de Freud, um desvelamento da alma humana e suas turbulências, me chamou a atenção uma frase de Ivan Karamazov, caracterizado como ateu, disse"o inferno é não amar".
No Evangelho de Judas, descoberto em 1978 no Egito, lugar próximo aos evangelhos encontrados em 1945, Tomé, Maria, Felipe, etc. Esse texto atribuído a Judas, decifrado por especialistas recentemente, Jesus aparece rindo muito dos díscipulos e sua compreensão de "Deus", diz Jesus a Judas"Vou te contar dos mistérios do Reino...um espaço imenso e sem fronteiras...que nem a vista dos anjos alcança...e que nenhum coração conseguirá entender. Um reino sem nome." Jesus dá a Judas a missão mais díficil, entrega-lo á morte, onde se dissolve a forma-homem nesse espaço imenso e sem fronteiras. É como se esse fôsse um nível iniciático mais profundo. adentrar no espaço da morte e...a...ressureição do único!
A experiência esquizofrênica é um puxão para níveis mais profundos da Psique(Jung, Laing, Grof, Lake), Jesus é um arquetipo ordenador do mundo 'interior'. Geza Róqueim, antropólogo, psicanalista, diz que o "esquizofrênico é o xamã que fracassou". No Xamanismo, o Xamã resurge de uma experiência de desmembramento, daí seus dons medicinais do corpo e da alma.
Osíris. Dionísio. Cristo.

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