Pular para o conteúdo principal

Meu pai...

"Mas quem contrariar
A LEI DO KOSMOS
não vai pagar,
já paga ao contrariar..."
(Galvão, dos novos baianos).
Kosmos tem níveis de profundidade, para diferenciar de 'cosmos', no sentido de uni-dimensionalidade.
A Lei do Kosmos é o Dharma, o corpo essencial do ensinamentos do Buda, a via que conduz á extinção dos venenos do ego. É a Idéia Santa do ponto 3 do Eneagrama, para
quem trabalha nessa linha do Saber e do Ser. No'coração', esta a Esperança da extinção dos sofrimentos convocados, criados, sustentados pelas 'paixões e ilusões
egóicas', enfim extinção do 'Karma' ou dissolução da 'estrutura caracterial'(Reich).
Se trata do que a 'A Tradição Espiritual' reconhece como 'Percepção do Real'...
A Lei do Kosmos é uma das manifestações do Real ou se poderia dizer, do Essencial...
Daí que a Via que conduz á liberação 'das ilusões egóicas' se inicia com a Ação Correta...são 8 passos entrelaçados em rêde...
Meu pai repetiu para mim, muitas vêzes, o que para ele era a síntese do entendimento
de Kant, o imperativo categórico:" Tudo que acredito é na lei moral no meu coração
e no ceú estrelado acima da minha cabeça", acredita(dar crédito), mas não se pode
provar intelectualmente, é uma intuição do "em si", do essencial...
Não sei se Kant disse exatamente essa frase, mas estava meu pai 'encarnado', na sua ambivalência com a Lei...ele era juiz e dizia céticamente:"porra, não há nenhuma lei no meu coração e o ceú estrelado é vazio...Kant é um idealista, sou materialista e ateu", se tornava crente, não permanecia no seu ceticismo...mas retornava e retorna
ainda no assombro que essa frase lhe imprimia...era obcecado com a Justiça e não via
justiça na lei dos homens...mas não transgredia...afirmava a Lei...
Ele me transmitiu a Lei...tive que decifrar que a Lei é "reconhecer o outro como legítimo outro na convivência", para não usar, abusar, passar por cima do 'outro'
que me constitue como 'eu'...
"O eu é um outro"(Rimbaud).
A Lei do Kosmos é o BEM, na Tradição Platônica, e o fundamento da ética em Kant.
Na Tradição Hebraica, Jesus(O Amor) não nega a Lei(moisés), ele dissolve a Lei
no Amor.
Resumo toda Ética Cristã com a frase de Santo Agostinho:
"Ama e fazes o que tu queres".
Axé papai!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Merleau Ponty, Paul Klee e Cézanne

Obra de Paul Cézanne Merleau-Ponty Klee Red Balloon (Klee) “A Arte não reproduz o visível, ela faz visível” (Paul Klee) “Só se vê aquilo que se olha”. Tudo o que se vê por princípio está ao alcance do olhar. O mundo visível e o mundo dos projetos motores são partes totais do mesmo ser; e é essa concepção que nos impede conceber que a visão é como uma operação do pensamento, levantada diante do espírito, formando um quadro ou uma representação do mundo. “O corpo é ao mesmo tempo vidente e visível”, tem uma face e um dorso, um passado e um futuro, entre outras coisas. Para Merleau Ponty o espírito sai pelos olhos para ir passear pelas coisas, e como diz Max Ernest: “assim como o papel do poeta, desde a célebre carta do vidente, consiste em escrever sob a inspiração do que se pensa, do que se articula nele, o papel do pintor é cercar e projetar o que nele se vê”. Como, por exemplo, o espelho, que surgiu no circuito aberto do corpo vidente - visível. O espelho aparece porque há uma reflexi

Graça feroz - Ram Das

Richard Alpert viajando pela India, encontra um Yogue que lhe pede todo estoque Lisérgico, sem misturas, Richard lhe passa, ele toma tudo de vez, ri e diz:"isso tem o mesmo efeito que um copo de água". Richard baixa a cabecinha e se entrega, volta para o EUA, como Ram Das, tomou iniciação. (Manoel)

O mito do cuidado (Fábula de Higino)

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome. Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada. De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa: "Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem